Essa é uma forma de você ajudar seu cliente no cenário ruim europeu

Se você tem algum cliente sofrendo com o mercado internacional, principalmente com a situação complexa na Europa você precisa conhecer o ETF EPV. O objetivo desse fundo é buscar acompanhar os resultados diários do índice, antes de taxas e despesas, que correspondam a duas vezes o inverso (-2x) do desempenho diário do FTSE Developed Europe All Cap Index.

 

Entendeu? Nada? Ok, vou explicar para que você possa entender e ajudar proteger a carteira offshore do seu cliente.

 

1 – Primeiro, o que é o FTSE Desenvolvido Europe All Cap Index?

 

O FTSE Developed Europe All Cap Index é um índice ponderado pela capitalização de mercado que representa o desempenho de empresas de grande, média e pequena capitalização nos mercados europeus desenvolvidos, incluindo Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Holanda, Noruega, Polônia, Portugal, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido. Ou seja, esse índice é bastante abrangente e reflete o desempenho de empresas de todos os tamanhos dos principais países europeus.

 

2 – Agora que entendeu o índice, o que significa duas vezes o desempenho?

 

O ETF EPV usa ferramentas que alavancam os resultados. Esse ponto é fundamental que entenda para que possa explicar bem para o seu cliente pois significa aumentar consideravelmente o risco ao investir em fundos com esse tipo de estratégia. Fundos alavancados usam instrumentos financeiros para acelerar seus ganhos, mas da mesma forma pode acelerar as perdas se o mercado andar no caminho diferente do que esperamos. 

 

3 – Mas se o mercado Europeu está ruim alavancar é ruim. Por isso o EPV é duas vezes o INVERSO (-2x). Sabe o que isso resulta?

 

Aqui está o que prometi, como possibilitar que seu cliente aproveite o cenário ruim europeu! Pois se está ruim, imaginamos que as empresas continuem passando por dificuldades com um mercado com forte pressão inflacionária, altos custos de energia e com isso, as ações continuem a sofrer, certo?

 

Esse tipo de ferramenta não temos aqui no Brasil e é isso que é fascinante quando investimos no mercado offshore. Existem estratégias como essa que fornecem mecanismos para capturarmos valor para os nossos clientes em diferentes cenários econômicos.

 

Inverso faz com que ao comprar esse ETF, apesar de ter comprado um fundo, você ganha com a queda das ações. No caso, ao investir no fundo EPV você ganha 2x (efeito da alavancagem) o que o índice FTSE Developed Europe All Cap cair. Interessante não é? Se o índice cair 1%, você ganha 2%. Mas lembre, se ele subir 1%, seu cliente estará perdendo 2%. 

 

 

O Fundo EPV

 

O nome completo desse ETF é EPV ProShares UltraShort FTSE Europe. Você assessor que é do mercado sabe que “short” significa vendido. Ultrashort faz referência ao que expliquei -2x. Pode ser usado para proteger uma carteira com exposição comprada em ações europeias por exemplo.

 

Comprar o EPV é diferente de vender a descoberto uma única ação. A venda a descoberto envolve o aluguel de ações para venda e, na melhor cenário, comprá-las de volta para cobrir a posição vendida após a queda do preço das ações. Portanto, seu ganho ou perda é igual à diferença entre o preço pelo qual você vendeu a descoberto e o preço pelo qual você comprou de volta para cobrir sua venda. 

 

Não sou contra vender a descoberto ações, embora envolva alugar as ações e eventuais chamadas de margem, com as atuais taxas de juros os custos de aluguel e margem estão altos. Ao evitar a chamada de margem, juntamente com o desejo de evitar o risco individual de vender ações individuais de empresas, comprar um ETF como esse pode fazer sentido.

 

 

 

Cenário Europeu

 

Eu acredito que os investidores internacionais estão subestimando o impacto e o tamanho dessa recessão, assim como quão profunda a recessão ainda será na Europa. Lembrando que as taxas de juros foram aumentadas em 75 pontos base. Se está sendo considerado que FED – banco central americano – está atrás da curva da inflação nos EUA, então os bancos centrais europeus provavelmente estão ainda mais atrás da curva da inflação.

 

Além do aumento das taxas de juros, acredito que os mercados não tenham precificado totalmente os efeitos adversos que a crise energética terá nos resultados das empresas européias. Como temos visto o cenário do conflito na Ucrânia e as sanções impostas a Russia e suas retaliações, resultaram no aumento gigantesco dos preços da energia ao consumidor na Europa. Uma forte e duradoura recessão na Europa parece estar chegando.

 

Com certeza não há solução rápida para os problemas energéticos no bloco Europeu, pois o continente é extremamente dependente energeticamente falando e não investiu nesse tipo de infraestrutura nos últimos anos devido a pressão da energia verde. O resultado são que os preços mais altos da energia aumentarão os custos de insumos e reduzirão os lucros das empresas. A crise energética provavelmente só piorará no inverno que está chegando.

 

 

Conclusão

Meu objetivo aqui é sempre educacional. Como sabe sou entusiasta e defensor da diversificação internacional dos investimentos. Fundamental para o brasileiro começar a ser educado e abrir a mente a respeito de investimentos offshore. Proteger o futuro de sua carteira de investimentos globalizando parte de sua carteira é essencial, assim como temos hábitos de consumo globalizados atualmente. 

 

O fundo EPV é um fundo com características muito peculiares e diferente de tudo que encontramos no Brasil e por esse motivo considero interessante para todos os assessores de investimentos que buscam sair da zona de conforto e aprender com os mercados mais sofisticados do mundo. 

 

Não recomendo para ninguém se arriscar em tal tipo de estrutura devidos aos riscos envolvidos e falta de conhecimento. Meu objetivo é de mostrar que existe sim formas de ajudar clientes que já possuem exposição internacional a se proteger de maiores e mais longas quedas como a que estamos vendo na Europa.

Essa será a situação na Europa?

A situação atual na Europa está extremamente complexa. Crise se intensificou com a medida do governo russo de cortar o fornecimento de gás para a região. As sanções impostas por países e empresas ocidentais contra Moscou motivou essa decisão. Espero que ambos os lados entendam o impacto direto na vida de milhões de pessoas com todas essas atitudes e busquem o bom senso.

 

Com tudo isso, o Banco Central Europeu deve iniciar hoje uma fase ultra agressiva da política monetária, e é esperada a maior alta de juros em 24 anos de história da instituição. A maioria dos economistas vê um aumento enorme para os padrões europeus de 0,75 ponto percentual. Lembrando que o banco elevou as taxas de juros em 0,5 ponto percentual em julho. Essa alta foi a primeira em mais de uma década (e a primeira desde a pandemia) e mostra o quão atrasado o BCE está atrás de seus pares ao redor do mundo.

 

Visão geral é que não será fácil recuperar o atraso, agora com a zona do euro encarando uma grave crise econômica. O EURO está despencando em meio ao aumento da inflação, que atingiu uma nova alta histórica de 9,1% em agosto, enquanto uma forte recessão está em andamento devido a crise de energia. As coisas não estão melhorando, pois a Rússia concretizou sua ameaça de cortar  o fornecimento de gás como comentamos acima. Essa medida, as vésperas de um inverno rigoroso como é esperado só agrava a situação local.

 

A grande dúvida é se o BCE pode mesmo recuperar o atraso. Aumentar as taxas para evitar a inflação, para depois descobrir que os preços da energia estão mantendo os custos elevados e pesando na produção econômica. Nessa situação, a inflação pode realmente não cair, ou pelo menos demorar um pouco para cair, tornando realidade o pesadelo da estagflação. 

 

O BCE anunciará sua decisão de política e projeções de crescimento, seguida pela entrevista coletiva da presidente Christine Lagarde.