A tese de investimentos em Energia

Cenário

O mundo está “verdadeiramente no meio da primeira crise energética global”, segundo Fatih Birol, chefe da Agência Internacional de Energia. Esse importante alerta chega justamente quando os mercados de gás estão extremamente apertados devido o conflito da Rússia na Ucrânia, assim como à recente decisão da OPEP de cortar a oferta em 2 milhões de barris por dia (ou cerca de 2% da oferta global). “É especialmente arriscado, pois várias economias ao redor do mundo estão à beira de uma recessão, se isso acontecer, estaremos falando a respeito de uma recessão global… Achei essa decisão realmente lamentável.”

Impacto

“Não são os Estados Unidos que sofrerão mais com os altos preços da energia”, continuou Birol. “São principalmente os países emergentes e em desenvolvimento porque suas taxas de importação sobem e eles têm uma moeda mais fraca, o que causará muitas dificuldades. São países da África, Ásia e América Latina – principalmente países importadores de petróleo e energia.” Ainda bem que esse não é o caso do Brasil.

 

O aprofundamento da crise ainda está sendo sentida em todo o mundo e em muitos setores, à medida que cresce em “profundidade e complexidade”. No início do ano de 2022, a Rússia era o principal exportador mundial de commodities de energia, incluindo petróleo, gás e carvão. Enquanto não chegam numa solução pacífica para o conflito, a volatilidade permanecerá presente nos mercados de petróleo e gás globalmente. Espera-se que o consumo de petróleo cresça mais 1,7 milhão de bpd (barris por dia) em 2023. Com isso, o mundo ainda dependerá do petróleo russo para atender essa demanda.

 

Conclusão

O chefe da Agência Internacional de Energia reforçou que buscar outras fontes de energia e as renováveis, não apenas ajudará o mundo a atingir as metas climáticas, mas que a segurança energética deve ser o principal impulsionador dessa transição energética. De fato, fontes adicionais de baixo carbono teriam ajudado a aliviar a atual crise, além de um investimento na produção das atuais fontes energéticas que não ocorreu no volume suficiente. Com isso, uma nova onde de investimentos, além de alternativas para uma transição mais rápida são as únicas maneiras de evitar essa crise global de energia que está sendo desenhada.

Preços do Petróleo sendo sustentados

Os preços do petróleo WTI dispararam 4,7% para mais de US$ 83,20 o barril nessa segunda-feira. A OPEP considera cortar a produção em 1 milhão de barris/dia ou mais na reunião do grupo esta semana. A medida ajudaria a sustentar a queda dos preços do petróleo, que estão em queda constante desde que atingiram mais de US$ 120/barril no final de junho. Também marcaria o segundo corte mensal consecutivo do cartel – depois de reduzir a produção em 100 mil barris / dia em setembro – e o maior desde os primeiros dias da pandemia.

Numa visão mais abrangente, enxergamos que devido aos preços da gasolina nos EUA terem subido para mais de US $ 5 o galão neste verão, o governo Biden pediu aos sauditas e à OPEP que aumentassem a produção para reduzir os preços. O presidente também liberou um número recorde de barris da Reserva Estratégica de Petróleo para ajudar a conter os custos de energia, e esses esforços renderam alguns frutos, especialmente quando combinados com uma economia global em desaceleração. As preocupações com o crescimento estão agora em toda parte, como na China, onde os bloqueios do COVID-19 estão prejudicando a demanda, bem como outras economias que sofrem as consequências do rápido aumento dos juros e do dólar americano em alta.

“A OPEP está muito focada nas taxas de juros mais altas nos EUA e seu impacto na demanda de mercados emergentes”, observou Amrita Sen, diretora de pesquisa da Energy Aspects. “Por isso, eles querem antecipar quaisquer possíveis excedentes.”

Importante perceber que a dinâmica mais recente mostra mais uma vez a relação chave entre os pesos pesados da OPEP, Arábia Saudita e Rússia. As alianças conseguiram sobreviver à invasão da Ucrânia pela Rússia, e o chefe de petróleo do país – Alexander Novak – pode até aparecer pessoalmente em Viena, apesar de ter sido sancionado pelos EUA na sexta-feira. Além de sustentar os preços do petróleo, os sauditas podem estar preparados para reduzir a produção para manter alguma capacidade de produção em reserva, já que a produção russa deve cair ainda este ano, à medida que o Ocidente aperta sua crescente lista de sanções econômicas.