Ciclo de Vida Financeira

Você deve concordar comigo, uma das maiores dificuldades do nosso trabalho como assessor financeiro é fazer alguns clientes entenderem a importância da atitude positiva com suas finanças. Gosto de usar a palavra atitude, pois disciplina é um termo que já ouvi muitas pessoas dizerem que não possuem sem muito peso. Por outro lado, nunca ouvi ninguém bater no peito com orgulho dizendo que não tem atitude.

 

Essa atitude positiva se traduz fazendo melhores escolhas no dia a dia buscando o equilíbrio entre o presente e o futuro. E ai está a grande dificuldade, e que na minha opinião é o nosso maior legado, educar sobre a importância desse planejamento. Um ótimo assessor financeiro busca orientar a organizar o fluxo de caixa pessoal e mostrar a importância de abrir mão de alguns gastos no presente para aumentar a probabilidade de uma liberdade financeira. 

 

Esse ciclo, com fase de gastos e fase de acumulo, é inclusive uma teoria econômica. O meu paesano Franco Modigliani desenvolveu a teoria do Ciclo de Vida. Ele afirma que os indivíduos procuram equilibrar o seu consumo ao longo da vida. Buscam emprestado quando tem pouca renda e poupam em períodos de renda elevada. Até ai sem novidades, certo? 

 

 

O problema dessa teoria

 

O problema é que, como muitas outras teorias econômicas tradicionais, com isso a gente está assumindo que as pessoas são racionais e planejam com antecedência. Sabemos pela nossa própria experiência no contato diário com clientes e prospects que não é bem assim. A moderna economia comportamental também enxerga que a maioria das pessoas têm motivações para evitar o planejamento.

 

Vemos com muita frequência a dificuldade das pessoas de exercer seu autocontrole para reduzir os gastos imediatos e economizar mais para o futuro. Para mudar isso precisamos ensinar as pessoas que temos contato a respeito do ciclo de vida financeiro. 

O gráfico acima ilustra o que seria o ideal, com as pessoas investindo dos 20 aos 65 anos. A teoria diz que durante a fase produtiva estamos poupando para a aposentadoria. Esta poupança durante a vida profissional permite nosso cliente manter sua qualidade de vida e praticamente os mesmos rendimentos durante a sua aposentadoria. 

 

 

Como construimos riqueza no Ciclo de Vida Financeira

Esse 2o gráfico mostra claramente a função da riqueza ao longo da vida. Ela começa com o início da fase produtiva no seu primeiro trabalho. A medida que os rendimentos são maiores que o seu nível de consumo, você deveria acumular riqueza. Com a evolução profissional, o nível de acumulação assim como a riqueza estão em ascensão até aproximadamente 65 anos, quando as pessoas buscam diminuir o ritmo ou se aposentar. 

 

Importante! Essa riqueza acumulada que irá gerar a renda para manutenção do padrão e estilo de vida. Esse é um dos estudos que mais gosto de fazer para os meus clientes e o efeito é muito positivo. Tenho muitos depoimentos da importância desse tipo de análise e o impacto na consciência financeira desses clientes.

 

 

O que explica essa dificuldade das pessoas?

 

A economia comportamental que citei anteriormente explica os vieses que impede a maioria das pessoas de controlar seus gastos e poupar para o futuro. O viés de foco no presente, mostra que as pessoas acham difícil avaliar a renda num futuro que parece muito longe.

 

Outro viés que enfrento quase que diariamente com novos clientes é o da Inércia ou viés do status quo. Incrível como muitos ficam parados, mesmo numa situação nova apresentada sendo muito melhor, acabam demorando para agir. Planejar para a aposentadoria exige esforço, visão de futuro e conhecimento de produtos financeiros. Nosso trabalho é justamente buscar soluções nesse sentido, mas as pessoas podem decidir procrastinar – mesmo sabendo que deveriam economizar mais – e assim a poupança é adiada. Um desperdício!

 

 

Conclusão

 

Apesar da teoria econômica estudar o ciclo de vida financeira e existirem pontos onde a teoria não se refletir na realidade, entendemos a importância de orientar nossos clientes no caminho da riqueza. Importante entendermos também que para muitos não é natural abrir mão de prazeres imediatos em busca de tranquilidade no futuro. Mas é nossa responsabilidade mostrar cenários e exemplos para que ganhem esse nível de consciência.

6 etapas da estratégia financeira do CFP®

Como você já deve saber, estou na reta final do meu processo de certificação para finalmente conseguir minha credencial de planejador financeiro CFP®. O conhecimento e a prática já exerço há alguns anos. Agora é hora de passar na prova e conseguir o selo.

Recebi uma quantidade enorme de feedbacks a respeito do artigo que escrevi sobre como escolher um assessor financeiro. Por esse motivo, acredito que você também achará útil conhecer o processo que a Financial Planning Standards Board exige que os profissionais certificados sigam. 

CFP® é a sigla para Certified Financial Planner™ (Planejador financeiro certificado), e é o padrão de excelência em planejamento financeiro. Os profissionais CFP® são preparados e atendem a rigorosos padrões de educação, treinamento e ética. Devem estar comprometidos em buscar os melhores interesses de seus clientes no presente para orientá-los para uma melhor saúde financeira e segurança.

O processo de planejamento financeiro é separado em seis etapas. Um bom profissional de assessoria financeira, geralmente busca seguir essas etapas para desenvolver as estratégias financeiras para seus clientes. 

As 6 etapas do planejamento financeiro são:

Etapa 1 – O primeiro passo é definir quais são seus objetivos. Além disso, buscamos alinhar as expectativas e como será a nossa relação com os nossos clientes. O profissional CFP® normalmente faz muitas perguntas para descobrir o que você deseja. O objetivo desta etapa é criar uma base e um propósito para entender se faz sentido seguir em frente, tanto para o assessor financeiro quanto para o cliente, pois essa relação deve ser positiva para ambos.

Etapa 2 – O segundo passo é a etapa de coleta e organização dos dados financeiros. Esse processo ajuda o profissional CFP® a identificar os objetivos e fornecer as estratégias e ferramentas adequadas para que você consiga atingi-los. 

Algumas informações importantes que precisamos entender são: Sua tolerância ao risco, prazo, metas, fluxo financeiro e capacidade de poupança atual, gerenciamento de riscos atualmente usados, experiência financeira, dinâmica familiar, crianças e suas idades, hobbies, etc.

É fundamental que você forneça informações claras e abertas, com isso facilita o trabalho do seu CFP® no entendimento da situação atual e desejada. Lembre-se que o objetivo é melhorar sua vida financeira. Muitos casos os clientes já possuem um excelente patrimônio e o nosso trabalho é auxiliá-los a melhorar ainda mais sua situação, em outros ajudamos a priorizar e cumprir seus compromissos financeiros.

Etapa 3 – Nosso terceiro passo é, em posse das informações coletadas, voltar para a prancheta e analisar sua situação financeira. Seu profissional CFP® deve avaliar sua situação atual e determinar quais medidas devem ser tomadas para atingir as suas metas. 

O que mais me encanto no trabalho que ofereço aos meus clientes é poder de fato realizar uma avaliação global de suas necessidades financeiras. Análise de ativos, passivos, fluxo de caixa atual e fluxo de caixa futuro, coberturas de seguros, sucessão, planejamento para a independência financeira e é claro, estratégias fiscais e alocações de investimentos tanto no Brasil como internacional.

Ainda hoje, mesmo clientes de nível private, relatam que faltam profissionais com essa visão e a maioria nunca havia tido esse nível de serviço.

Etapa 4 – O quarto passo é desenvolver e recomendar a estratégia financeira personalizada. Agora que as metas e os recursos foram definidos e analisados, você terá uma visão mais clara de como o seu plano o levará a atingir as metas desejadas. 

Talvez você precise aumentar sua taxa de poupança mensal, controlar melhor seu fluxo de caixa ou ajustar sua alocação de ativos para estar de acordo com o seu perfil. Seja qual for o plano de ação que você e seu CFP® definirem, é fundamental para nós profissionais educarmos nossos clientes sobre as estratégias que são necessárias para ter sucesso. Você precisará entender completamente o seu plano e tomar as decisões necessárias. Nosso trabalho é orientar e fornecer as informações e os recursos necessários para facilitar suas decisões, porém cabe a você fazer sua parte para podermos colocá-las em prática.

Etapa 5 – Quinto é a implementação da estratégia. Essa parceria entre você e seu profissional CFP® permitirá que você tenha a maior tranquilidade financeira e a melhor vida possível. A escolha detalhada de cada produto financeiro disponível no momento é uma das atividades dessa etapa. Outra atividade importante é o seu comprometimento com a disciplina com novos aportes se fizer parte da estratégia.

Etapa 6 – Por fim, a última etapa é monitorar o plano. Assim como todo planejamento, uma estratégia financeira evolui ao longo do tempo. Com certeza a sua mudará de acordo com os eventos da sua vida. Uma vez que a estratégia inicial é criada e implementada, ele deve ser acompanhada com a periodicidade combinada. Eventos como casamentos, divórcios, mudanças de carreira, filhos, mudanças na legislação tributária, inflação, flutuações do mercado de ações, recessões e tatos outros, exigem novas atuações sempre com o objetivo de manter sua jornada alinhada com os seus objetivos.

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4 suposições que podem prejudicar sua independência financeira

Tenho certeza que você já presenciou, ou pelo menos ouviu alguém contar, que nunca guardou um centavo e quando percebeu o erro, era tarde demais, certo? Provavelmente, essa pessoa fez alguma suposição equivocada, que mais pra frente na vida se provou errada e era tarde demais. A independência financeira seria um sonho nunca alcançado.

Não gosto muito de quem usa bordões. Acredito que existam formas mais inteligentes de se expressar. Porém, vou usar uma expressão que cria uma imagem clara, para que você possa lembrar daqui pra frente quando pensar em suas finanças: “nunca conte com o ovo no *** da galinha”.

Quando se trata de planejamento para a independência financeira, as suposições que ouço geralmente são motivo de riso. Vou abusar e usar outro bordão – “esperar o melhor, planejar para o pior” – esse sim faz mais sentido.

Suposições incorretas na hora de fazer o planejamento do seu futuro, da sua independência, são particularmente problemáticas porque, quando um aposentado ou pré-aposentado percebe que seu plano está com problemas, ele pode ter pouco tempo para corrigi-lo; gastar menos ou trabalhar mais pode não ser viável.

Aqui estão 4 suposições muito comuns – e extremamente perigosas – que já ouvi ao ajudar pessoas a planejar para sua independência financeira:

1 – Os retornos do mercado de ações e renda fixa serão expressivos.
2 – A inflação será leve.
3 – É fácil trabalhar depois dos 65 anos.
4 – Meu favorito- esperar receber uma herança.

Nos próximos posts vou buscar detalhar cada uma dessas suposições, mas para as pessoas mais ansiosas, aqui estão orientações rápidas para evitá-las:

1 – Seja menos otimista nas suas projeções de retorno dos investimentos e considere ajustar para baixo seus gastos mensais após “pendurar as chuteiras” (juro que foi o último e não vou mais abusar dos bordões).
2 – Use dados de inflação de longo prazo no planejamento e considere usar hedges (proteção) de inflação em sua carteira de aposentadoria.
3 – Esteja pronto para adotar outras medidas, como aumentar sua taxa de poupança mensal, se você estiver numa profissão que a idade possa dificultar que continue trabalhando.
4 – Nunca dependa de uma herança! Assuma sempre a responsabilidade do seu futuro.