A situação atual na Europa está extremamente complexa. Crise se intensificou com a medida do governo russo de cortar o fornecimento de gás para a região. As sanções impostas por países e empresas ocidentais contra Moscou motivou essa decisão. Espero que ambos os lados entendam o impacto direto na vida de milhões de pessoas com todas essas atitudes e busquem o bom senso.
Com tudo isso, o Banco Central Europeu deve iniciar hoje uma fase ultra agressiva da política monetária, e é esperada a maior alta de juros em 24 anos de história da instituição. A maioria dos economistas vê um aumento enorme para os padrões europeus de 0,75 ponto percentual. Lembrando que o banco elevou as taxas de juros em 0,5 ponto percentual em julho. Essa alta foi a primeira em mais de uma década (e a primeira desde a pandemia) e mostra o quão atrasado o BCE está atrás de seus pares ao redor do mundo.
Visão geral é que não será fácil recuperar o atraso, agora com a zona do euro encarando uma grave crise econômica. O EURO está despencando em meio ao aumento da inflação, que atingiu uma nova alta histórica de 9,1% em agosto, enquanto uma forte recessão está em andamento devido a crise de energia. As coisas não estão melhorando, pois a Rússia concretizou sua ameaça de cortar o fornecimento de gás como comentamos acima. Essa medida, as vésperas de um inverno rigoroso como é esperado só agrava a situação local.
A grande dúvida é se o BCE pode mesmo recuperar o atraso. Aumentar as taxas para evitar a inflação, para depois descobrir que os preços da energia estão mantendo os custos elevados e pesando na produção econômica. Nessa situação, a inflação pode realmente não cair, ou pelo menos demorar um pouco para cair, tornando realidade o pesadelo da estagflação.
O BCE anunciará sua decisão de política e projeções de crescimento, seguida pela entrevista coletiva da presidente Christine Lagarde.