Você conhece o fosso econômico do Warren Buffet?

Você já ouviu falar da Berkshire Hathaway, certo? Não???  Com certeza conhece o famoso CEO, Warren Buffett. Ele é o cara da Berkshire, mas então, o que a Berkshire Hathaway faz exatamente? E o que os 40.000 acionistas e a legião de fãs desse lendário gênio dos investimentos buscam aprender com Warren Buffett?

 

A Berkshire Hathaway começou como uma empresa têxtil fundada em 1800. Porém, agora é uma das cinco maiores companhias dos Estados Unidos. Ao lado de Microsoft, Apple, Amazon e Facebook. A Berkshire é uma holding com aproximadamente 50 outras empresas, em vários setores – seguros, ferrovias, serviços públicos, aeroespacial, restaurantes, brinquedos e até vestuário.

 

Como Buffett diz: “A chave para investir não é avaliar o quanto uma indústria afetará a sociedade ou quanto ela crescerá, mas determinar a vantagem competitiva de qualquer empresa e, acima de tudo, a durabilidade dessa vantagem. Os produtos ou serviços que possuem fossos amplos e sustentáveis ao seu redor são os que oferecem recompensas aos investidores.”

 

Esse termo “fosso econômico” é usado para descrever a vantagem competitiva de uma empresa, produto ou serviço. Da mesma forma que o fosso protege um castelo, certas vantagens ajudam a proteger as empresas de seus concorrentes. Empresas com fossos largos fazem grandes investimentos porque podem evitar a concorrência e obter altos retornos sobre o capital por muitos anos.

 

A estratégia genial da Berkshire sempre foi sua capacidade de farejar empresas com esses fossos e usar o excesso de fluxo de caixa gerado por essas empresas e investi-los de volta em projetos que rendem mais do que seu custo de capital por longos períodos de tempo.

Se você – assim como eu – é fã do Warren Buffet, leia também o artigo dos 5 Pilares para Investir como Warren Buffet.

A Precision Castparts, por exemplo, é uma fabricante de componentes para as indústrias aeroespacial, de energia e outras que funcionam sob condições extremas e adversas.

 

Ao longo dos anos, a PCC fornece esses componentes a preços baixos a clientes como General Electric, Rolls Royce e United Technologies. Os clientes pensam duas vezes antes de trocar de fornecedor, devido aos aspectos técnicos rigorosos que esses componentes precisam satisfazer. Esse alto custo de troca cria o chamado “fosso econômico” em torno dos negócios da PCC que ajuda a Precision Castparts a obter retornos que excedem facilmente seu custo de capital.

 

Outro exemplo, em 1996 a Berkshire concluiu a aquisição da seguradora Geico. Os sócios Buffett e Munger foram atraídos pelos custos operacionais baixíssimos da empresa – outras seguradoras como Allstate e State Farm, possuem custos mais altos.

 

Buffett explicou essa vantagem em sua carta aos acionistas de 1996 dizendo: “A diferença entre os custos da Geico e os de seus concorrentes é uma espécie de fosso que protege um valioso e cobiçado castelo comercial. Os gestores continuamente alargam o fosso, reduzindo ainda mais os custos, defendendo e fortalecendo assim a franquia econômica”

 

A Burlington Northern Santa Fe Railway possui 32.500 milhas de trilhos. Ativos físicos como esses, especialmente em setores regulamentados pelo governo, são difíceis e caros para um concorrente replicar. Esse negócio é um ótimo exemplo de empresa com ativos intangíveis e escala eficiente.

 

A Berkshire também possui uma carteira de ações negociadas em bolsa em seu portfólio que também desfrutam de fossos econômicos. Possui 400 milhões de ações da Coca-Cola, o que representa quase 10% do capital da empresa.

 

Como uma das maiores empresas de bebidas do mundo, a Coca-Cola conquistou um amplo fosso econômico, graças aos ativos intangíveis de sua marca e às vantagens de custo criadas por seus fortes relacionamentos com varejistas e economias de escala.

 

A estratégia final da fórmula do sucesso de Buffett é conseguir esses grandes negócios a preços justos. Negócios de alta qualidade com fluxos de caixa confiáveis não ficam baratos com tanta frequência, e Buffett toma cuidado para não pagar demais.

 

Como sempre falo com os assessores financeiros que tenho contato, assim como com meus clientes, o fundamental é termos uma estratégia de longo prazo bem estabelecida e ao longo da jornada buscarmos somar em nosso portfolio, investimentos que estejam alinhados com o nosso plano e perfil.

 

Se você também é um assessor de investimentos ou planejar financeiro, recomendo fortemente ter esse alinhamento com seus clientes e alinhar as expectativas. Se você é um investidor ou investidora, sugiro que tenha esse tipo de conversa com o profissional que cuida de você.

O que é o fluxo de caixa descontado

O que é?

O cálculo de Fluxo de Caixa Descontado (FCD) – discounted cash flow em Inglês – é um modelo muito utilizado em várias análises financeiras. Em geral, um analista busca usar esse modelo financeiro para compreender a capacidade de uma empresa gerar lucro nos próximos anos. Buscamos com isso estimar o valuation (valor) de uma companhia.

Por que?

É dessa forma que são feitas algumas das análises de viabilidade, antes de tomar a decisão de alocação por parte dos investidores, na hora de comprar cotas ou ações de um ativo. O modelo de FCD usa como base os fluxos de caixa futuros e os desconta pelo custo de capital apropriado. O objetivo é entender o risco de alocar o capital nessa companhia em relação as outras oportunidades que existem no mercado.

O FCD usa o conceito do valor do dinheiro no tempo (TMV ou time value of money). Basicamente, trata-se da ideia de que R$ 1 hoje vale mais do que R$ 1 amanhã. Desse modo, o fluxo de caixa descontado busca determinar o valor de uma empresa hoje com base em projeções financeiras do quão lucrativa será no futuro. 

Ou seja, o FCD ajuda a responder a seguinte pergunta:

“Quanto dinheiro vou ganhar com este investimento ao longo de um período de tempo e como isso se compara ao valor que eu poderia ganhar com outros investimentos?”

Vale salientar o motivo de usar tantas vezes o termo “busca” pois de fato são estimativas futuras.

Como?

O fluxo de caixa descontado é calculado levando em conta 4 etapas na modelagem financeira: a estimativa do fluxo de caixa, a taxa de desconto, o cálculo do valor residual e o cálculo do valor da empresa.

1) Estimativa de fluxo de caixa

A estimativa de fluxo de caixa é literalmente mensurar tudo que entra e tudo que sai do caixa da empresa considerando um determinado período de tempo.

2) Taxa de desconto

A taxa de desconto trata-se do custo do capital e riscos que a empresa enfrenta. Leva em conta os custos de oportunidade e o custo médio ponderado de capital.

3) Valor residual

O valor residual da empresa é o valor estimado de um ativo ao final de sua vida útil.

4) Fluxo de caixa descontado

A fórmula é a seguinte: FCD = projeção de faturamento no período / (1 + taxa de desconto) elevado ao número do período

Exemplo:

Vamos considerar o seguinte faturamento projetado para uma companhia nos próximos 4 anos:

  • ano 1: R$ 20.000,00;
  • ano 2: R$ 30.000,00;
  • ano 3: R$ 40.000,00;
  • ano 4: R$ 50.000,00.

Definir a taxa de desconto. Geralmente usamos a WACC que leva em conta o custo do capital próprio, custo do capital de terceiros e imposto sobre lucro.

Para simplificar, vamos usar a taxa anual de 11%.

O próximo passo é usar a fórmula e descontar os fluxos:

  • ano 1: 20/(1,11) = R$ 18.000,00;
  • ano 2: 30/(1,11)^2 = R$ 24.000,00;
  • ano 3: 40/(1,11)^3 = R$ 29.000,00;
  • ano 4: 50/(1,11)^4 = R$ 32.000,00.

Com isso, chegamos aos valores de fluxo de caixa projetados para os próximos 4 anos. Agora, basta somar esses valores para finalmente chegar ao fluxo de caixa descontado.

FCD: 18 + 24 + 29 + 32 = R$ 103.000,00

Quando?

O fluxo de caixa descontado é um modelo de análise financeira e como todo método possui vantagens e desvantagens.

Vantagens

– uma estimativa de valor mais aproximada possível de um negócio;

– sofre poucas influências de fatores não econômicos ou demais fatores de mercado.

Desvantagens

– por ser uma análise baseada em expectativas, o resultado pode não ser o mais preciso possível;

– bastante sensível às mudanças do planejamento financeiro.