Volatilidade tem sido o nome do jogo

Volatilidade tem sido o nome do jogo. Os investidores internacionais estão buscando entender os cenários econômicos e como isso pode afetar seus portfólios. Impossível prever para onde os mercados podem ir a partir daqui, pois estamos recebendo vários sinais mistos dos dados econômicos. Todos os principais índices de mercado de ações americanos registraram seus maiores ganhos percentuais semanais desde junho, com o S&P 500 terminando em 4,8% na semana, o Dow Jones subindo 4,9% e o Nasdaq Composite subindo 5,2%.

 

Os bancos como o JPMorgan (JPM), Wells Fargo (WFC), o Bank of America (BAC) entre outros, divulgaram lucros que superaram as expectativas. Apesar disso, várias preocupações continuam a assustar a economia. Por exemplo, os dados de consumo mostram que os consumidores americanos continuam gastando livremente, de acordo com o BofA, com saldos de contas maiores do que antes do COVID-19. A receita líquida de juros também saltou 24% para US$ 13,8 bilhões, enquanto o crédito ao consumidor permaneceu forte e as inadimplências em estágio avançado caíram 40% em relação aos níveis pré-pandemia.

 

“Os analistas podem se perguntar se a conversa sobre inflação, recessão e outros fatores pode resultar num crescimento mais lento dos gastos”, disse o CEO do BofA Brian Moynihan. “Nós simplesmente não vemos isso aqui no Bank of America. A resiliência e a saúde dos consumidores continuam fortes.”

O que esperar da temporada de resultados do terceiro trimestre nos EUA

Será dada a largada da temporada de resultados do terceiro trimestre e começaremos essa semana como de costume com a divulgação dos resultados dos grandes bancos americanos. 

 

JPMorgan Chase (JPM), Citi (C) e Wells Fargo (WFC) divulgarão seus números na sexta-feira. Mas analistas e investidores não estão esperando números otimistas que possam dar um impulso ao mercado. As expectativas de crescimento de lucro por ação não são favoráveis, acredita-se que sofrerão consistentemente nessa temporada de resultados e a sensação geral de que o mercado mais amplo reagirá mal.

 

O crescimento do EPS no terceiro trimestre do S&P 500 (SPY) deve ser de 2,6%, abaixo dos 9,8% em julho, de acordo com o FactSet. Os analistas reduziram as previsões de lucro em US$ 34 bilhões e, se o consenso estiver correto, seria o pior trimestre para os resultados desde o terceiro trimestre de 2020 – época de pleno lockdown – informou o FT.

 

De acordo com a última pesquisa de investidores da MLIV Pulse, mais de 60% acreditam que esta temporada de lucros empurrará o S&P 500 para baixo. Entre os mais de 700 entrevistados, os gestores de ativos de alto nível são os mais pessimistas sobre o impacto dos lucros, enquanto os gerentes de risco são os mais otimistas.

 

O BlackRock Investment Institute disse acreditar que as estimativas de lucros ainda parecem “otimistas”. Permanece underweight das ações dos EUA “os valuations não caíram o suficiente para refletir as perspectivas de ganhos mais fracas“.

 

“Se estivermos entrando em uma recessão no próximo ano, o que parece altamente provável, a incerteza dos lucros pode substituir a pressão dos juros como o principal obstáculo para os preços das ações subirem”, escreveu o estrategista da MKM, Michael Darda. “Assim, os próximos 10 meses podem ser complicados.”

 

“Investidores de longo prazo devem, portanto, ter tempo para construir posições compradas com a volatilidade e queda durante os próximos trimestres”, disse Darda. “Os lucros operacionais do S&P 500 normalmente caíram de 15% a 20% em recessões. Até agora, as estimativas atingiram um pico e um platô, em vez de uma cratera. No entanto, os indicadores futuros apontam para mais dificuldades à frente.”

 

Os resultados da Apple (AAPL) serão os mais cruciais para o mercado, com 60% dos entrevistados da MLIV chamando-a de “empresa que mais importa” nesta temporada de lucros. Isso foi seguido pelo JPMorgan com 25% e Tesla (TSLA) com 6%, com Microsoft (MSFT) e Walmart (WMT) gerando um número significativo de votos, segundo a Bloomberg.

 

“Quase universalmente, as pessoas esperam que os ganhos da Energia (XLE) sejam ótimos e que todos os outros setores sejam horríveis”, disseram eles. “Nossa visão é que os lucros virão melhores do que o esperado, porém não atuarão como um vento contrário para os mercados.”

Como usar a filosofia do Value Investing – investimento em valor

Já conversamos sobre ações de crescimento, suas características, como buscar boas oportunidades para investir nesse tipo de empresa e seus riscos. 

 

Agora vamos entender o que significa investimento em valor?

O investimento em valor é na realidade uma filosofia de investimento. O objetivo é encontrar ações com deságio (desconto) em relação ao seu valor intrínseco e comprá-las buscando a correção do mercado. Investidores de valor procuram ativamente ações que estejam subvalorizadas pelo mercado de ações. Eles acreditam que o mercado reage de forma exagerada tanto a boas quanto a más notícias, resultando em discrepâncias nos preços das ações que não correspondem aos fundamentos de longo prazo de determinada empresa. Ou seja, a reação exagerada do mercado oferece uma oportunidade de lucrar comprando ações a preços com desconto.

Esse desconto também é conhecido como margem de segurança. Benjamin Graham, conhecido como o pai do investimento em valor, cunhou o termo pela primeira vez em seu livro, The Intelligent Investor, em 1949. Warren Buffett (aluno e pupilo de Graham) é com certeza o investidor de valor mais conhecido na atualidade, mas há muitos outros nomes, como Charlie Munger – sócio de Buffet na Berkshire – David Dodd, Christopher Browne e Seth Klarman.

 

Como encontrar ações de valor?

Ok, já entendi a filosofia, mas como encontrar essas oportunidades? A estratégia é buscar empresas com múltiplos baixos em relação aos seus lucros ou seus ativos, por exemplo. Importante entender que essa filosofia requer uma mentalidade contrária da maioria das pessoas que buscam ganhos rápidos, e um horizonte de investimento de longo prazo. 

O investidor de valor procura se blindar das emoções dos investidores comuns e explorar esse comportamento irracional. A emoção é uma ameaça constante no mundo dos investimentos. O medo e a ganância estão sempre presentes e frequentemente levam a más decisões de investimento pois acabam se baseando na percepção ao invés da realidade. 

Acompanhamos diversas situações onde essas discrepâncias de preços se tornam extremas como por exemplo na bolha da internet nos anos 90, ou na outra ponta, recentemente o derretimento dos ativos de risco no início da pandemia. Esses são exemplos extremos, mas essas situações em menor grau surgem com bastante frequência. É exatamente isso que cria a oportunidade para investidores de valor que não se envolvem nas emoções e notícias e focam em suas estratégias bem definidas. 

Uma estratégia bem montada nem sempre é rentável e nem sempre supera alguns benchmarks no curto prazo. Em alguns momentos, que inclusive podem durar alguns anos, durante os quais os investidores de valor podem parecer os conversadores e são considerados os tontos da história. Isso é um desafio emocional, tanto para nós assessores de investimentos quanto para nossos clientes. Na minha opinião o caminho é alinhamento de expectativas, objetivos bem definidos, além de humildade e coragem. No entanto, os resultados de longo prazo dessas estratégias são realmente relevantes, pois geralmente as melhores coisas são desafiadoras.

 

Quais são os indicadores usados para garimpar oportunidades na filosofia de valor?

Antes de tudo é importante entendermos que no mercado de ações, uma empresa é considerada barata, ou com desconto, quando suas ações estão subavaliadas.

 

Os investidores profissionais usam várias métricas para encontrar o valor intrínseco de uma ação. O valor intrínseco seria o preço justo de uma ação. Para encontrar o valor intrínseco, são realizadas algumas análises financeiras, como o estudo do desempenho operacional, receita, crescimento, fluxo de caixa e lucro de uma empresa. Além disso, alguns fatores do negócio são considerados como a marca da empresa, o modelo de negócios, o mercado-alvo e se existe um fosso econômico

 

Alguns indicadores calculados para avaliar as ações de uma empresa:

Price-to-book (P/B) ou valor contábil – mede o valor dos ativos de uma empresa em relação ao preço de suas ações. Se a empresa não estiver passando por sérias dificuldades financeiras e o preço for inferior ao valor dos ativos, a ação está subvalorizada.

Price-to-earnings (P/E) – histórico de lucros da empresa e indica se o preço das ações não está refletindo todos os lucros ou está subvalorizada.

Fluxo de caixa livre – para obtê-lo, subtraimos o valor do Fluxo de Caixa Operacional das despesas de capital. (Fluxo de Caixa Livre = Fluxo de Caixa Operacional – Despesas de Capital). Se uma empresa estiver gerando fluxo de caixa livre, sabemos que irá sobrar dinheiro para investir no futuro do negócio, pagar suas dívidas, pagar dividendos ou juros aos acionistas.

 

Além dessas com certeza usamos muitas outras métricas, além de avaliá-las em relação aos múltiplos de mercado.

 

 

Existem outras maneiras de investir em ações de crescimento?

 

Mais uma vez, se você assessor de investimentos estiver lidando com um cliente com perfil que não seja adequado ao investimento direto em ações, existem outras formas de adotar uma estratégia de valor. Obviamente se tiver disposição e capacidade para esse tipo de alocação.

 

No mundo offshore encontramos diversas opções. Assim como vimos nas empresas de crescimento, existem ETFs que são fundos de investimentos fechados negociados em bolsa, e também fundo de ações de valor. 

 

 

ETFs de ações de valor

 

Vanguard Value ETF (VTV) – Este ETF acompanha o índice de valor CRSP U.S. Large Cap. Possui uma carteira de 344 ações de grande capitalização dos EUA, como Berkshire Hathaway Inc. (BRK.B), UnitedHealth Group Inc. (UNH), Johnson & Johnson (JNJ) e Exxon Mobil Corp. (XOM). Menos concentrado em ações do setor de tecnologia e mais equilibrado em empresas de saúde, financeiras, industriais e de consumo. O ETF tem um índice P/E médio de 15,2 e índice P/B de 2,5.

Vanguard Russell 1000 Value ETF (VONV) – Este ETF busca acompanhar o índice de valor Russell 1000. Composto por 857 ações com um índice P/L médio abaixo de 14,9 e índice P/B de 2,2. Possui participações bastante semelhantes ao VTV, como Berkshire Hathaway, Johnson & Johnson e Exxon Mobil. 

SPDR S&P 600 Small Cap Value ETF (SLYV) – Este ETF é de empresas consideradas small caps – são empresas com capitalização de mercado entre US$ 300 milhões a US$ 2 bilhões. O fundo possui baixos índices de P/E e P/B com 10,4 e 1,3, respectivamente.

 

 

Fundos Mútuos de Ações de Crescimento

JM Value Fund

UTI Value Opportunities Fund

Quantum Long Term Equity Value Fund

 

 

Conclusão, é seguro usar a filosofia de Investimentos em valor?

Como entendemos ao longo do artigo, precisamos estar sempre atentos na hora de orientar nossos clientes na alocação de suas carteiras de investimentos. A adequação dos ativos selecionados ao seu perfil de investidor é fundamental para o sucesso de longo prazo. De nada vale incluir excelentes ações de valor se o cliente não suportar a volatilidade intrínseca da renda variável, seja por falta de disposição ou por limitação de capacidade para correr riscos.

Vale sempre lembrar que os ativos mencionados no artigo são apenas exemplos. O objetivo desse artigo é educacional visando aprimorar o conhecimento de mercado financeiro, principalmente do mercado internacional. Não se tratam de dicas de investimentos.

O que é uma Ação de Crescimento

Como temos acompanhado por aqui, as bolsas americanas estão sofrendo bastante ultimamente com esse cenário de inflação e alta de juros. Alguns setores da economia, por consequência algumas empresas, leia-se ações são mais impactadas do que outras. Em especialmente, as ações de crescimento. 


Mas o que é uma Ação de Crescimento ou Empresa de Crescimento?

Ações de crescimento são ações que devem crescer mais rápido do que a média do mercado. Como tal, as empresas que são consideradas “empresas de crescimento” estão nos estágios iniciais de seu ciclo de negócios e devem aumentar sua receita mais rapidamente do que a média do mercado. Os investidores geralmente compram ações de crescimento na expectativa de valorização do preço das ações à medida que a empresa cresce.

O oposto de uma ação de crescimento é uma ação de valor, que geralmente são empresas em um estágio posterior de seu ciclo de crescimento. Mas esse é tópico de outro artigo.


Como encontrar ações de crescimento?

Para buscar determinar a avaliação de qualquer ação de crescimento, os investidores analisam vários números, incluindo:

Crescimento de vendas: as empresas na categoria de crescimento tendem a aumentar suas vendas rapidamente. Alguns setores inteiros podem ser considerados setores de crescimento.

Ganhos projetados: buscamos avaliar as empresas que tem a capacidade ou estão aumentando seus ganhos rapidamente ou não.

Níveis de endividamento: As empresas com muitas dívidas podem enfrentar problemas no futuro, por isso é importante observar o índice de endividamento e a relação à rapidez com que estão aumentando suas vendas.


Um ponto fundamental é que para encontrar ações de crescimento, procuramos empresas que estão fazendo mudanças revolucionárias na maneira como as pessoas fazem as coisas ou vivem suas vidas. Um exemplo atual são as ações de negócios focados no Metaverso, essas empresas são de crescimento porque o mercado espera um enorme potencial de lucro da nova tecnologia.


Existem outras maneiras de investir em ações de crescimento?

Uma das alternativas que nós assessores financeiros, podemos oferecer para os nossos clientes é ao invés de ficar escolhendo ações de crescimento individuais, podemos orienta-los a investir nelas por meio de fundos. 

Como sabem que meu foco é investimento internacional, precisamos saber que no mercado financeiro americano, existem algumas alternativas, como um fundo negociado em bolsa – os ETFS – ou fundo mútuo focado em crescimento. Ou seja, conseguimos investir em um fundo que faz a seleção das ações de crescimento, tudo feito internamento por meio desse tipo desses veículos de investimentos.


ETFs de ações de crescimento

A título de curiosidade, alguns exemplos de ETFs que investem em ações de crescimento:


SPDR Portfolio S&P 500 Growth ETF (NYSEARCA:SPYG) – Este ETF está atrelado a performance do S&P 500 Growth Index – índice de crescimento do S&P500 – que oferece exposição a empresas de grande capitalização no setor de crescimento do mercado de ações dos EUA.

ETF iShares Core S&P US Growth (NASDAQ:IUSG)

ETF Vanguard Mid-Cap Growth (NYSEARCA:VOT) – Diferente dos 2 ETFs acima, esse oferece exposição a ações de média capitalização que apresentam características de crescimento.


Fundos Mútuos de Ações de Crescimento

Da mesma forma, trago exemplos de fundos mútuos do mercado americano que investem em ações de crescimento:


Fundo de Índice de Crescimento Vanguard (VIGRX)

T. Rowe Price Blue Chip Growth Fund (MUTF:TRBCX)

Fundo de Crescimento MFS (MUTF:MFEGX)



Com certeza uma pergunta que seus clientes irão fazer: As ações de crescimento são arriscadas?

Sim, precisamos deixar claro para os nossos clientes que investir em ações de crescimento pode ser arriscado, uma vez que os investidores muitas vezes já pagam altos múltiplos pelas ações de alta valorização com base na perspectiva de forte crescimento. Se esse crescimento decepcionar, o preço das ações pode cair. 

A maioria dessas ações não paga dividendos, então a valorização do papel é a única fonte de ganhos de capital disponível para esses investidores. Outro ponto importante, as ações de crescimento são geralmente mais voláteis do que as ações de valor, mas devemos lembrar que quando montamos uma carteira e essas ações são adicionadas como parte de um portfólio diversificado, podemos diminuir esse risco para os nossos clientes.


Conclusão, é uma boa orientar nossos clientes no investimento em ações de crescimento?

Quando o assunto é investir em ações de crescimento, há vários pontos que devemos considerar. Os dois primeiros fatores são a tolerância ao risco do seu cliente e se ele tem perfil para lidar com a volatilidade. Quaisquer mudanças percebidas nas perspectivas de evolução de uma empresa em crescimento podem afetar o preço de suas ações.


Alguns investidores ficam estressados quando veem uma ação subindo e descendo rapidamente em pouco tempo, então eles podem não querer investir em ações de crescimento. Além de entender se ele pode lidar com o risco, você também deve pensar se ele tem tempo suficiente para compensar quaisquer perdas que possam ocorrer como resultado desse tipo de investimento. Como sempre, e com o investimento em crescimento é ainda mais importante, precisamos ter uma mentalidade de longo prazo. Além disso, a maioria das empresas de crescimento não paga dividendos, portanto, se o seu cliente precisar de renda não podemos considerar empresas de crescimento.

Dólar x Ações

O dólar americano teve uma semana de alta e essa força do dólar deve continuar.

 

A libra esterlina – moeda do Reino Unido – atingiu uma baixa histórica, mas o governador do BoE (sigla em inglês para o Bank of England), Andrew Bailey, descartou um aumento de emergência nas taxas de juros entre as reuniões. Além disso, o Banco Popular da China disse que está aumentando os requisitos de reserva de risco para os bancos envolvidos em operações câmbio futuro de 0% para 20%.

 

A força do dólar também é um problema para as ações, mas pode acelerar o fim do movimento de baixa do mercado, segundo o Morgan Stanley.

 

O “movimento recente do dólar americano cria uma situação insustentável para ativos de risco que historicamente terminaram em uma crise financeira ou econômica, ou ambas”, disse o estrategista de renda variável Mike Wilson. “Embora seja difícil prever tais eventos, as condições estão todas reunidas, o que ajudaria a acelerar o fim dessa queda do mercado.”

 

“Enquanto isso, continuamos condenados nessa baixa do S&P 500 chegando no final deste ano e início de 2023 entre 3000-3400”, Wilson disse. Atualmente o índice S%P 500 está em 3.600 pontos.

 

“O DXY (índice que mede o dólar frente uma cesta de moedas fortes) subiu 21% e ainda está subindo”, acrescentou. “Com base em nossa análise de que cada mudança de 1% no DXY tem um impacto de cerca de -0,5% nos lucros do S&P 500, o S&P 500 no 4o trimestre enfrentará um vento contrário de aproximadamente 10% para o crescimento.”


“Isso se soma a outros ventos contrários que estamos discutindo há meses, exemplos dos custos mais altos com a inflação. Também é importante notar que essa força do dólar historicamente levou a algum tipo de crise financeira/econômica.”


“O incrível é que essa força do dólar está acontecendo mesmo quando outros grandes bancos centrais também estão apertando a política monetária em um ritmo historicamente agressivo”, disse Wilson. “Se alguma vez houvesse um momento para estar à procura de algo para quebrar, seria agora. Assim como nossa equipe de taxas, nossa equipe de moedas aumentou sua previsão para o dólar. Em uma base DXY, eles agora estão prevendo 118 como alvo para o final de ano (atualmente está em 112), o que significa nenhum alívio à vista, pelo menos fundamentalmente falando.”

“Os juros dos EUA estão subindo à medida que o mercado reprecifica mais alto o pico para os Fed Funds e as ações estão sendo reprecificadas para baixo”, disse o macroestrategista do Société Générale, Kit Juckes. “Isso tem todas as características do início da fase final do rali do dólar (uma fase que tem a capacidade de ser violenta e volátil)”.

Sucesso do IPO da Porsche com o símbolo P911

A Porsche, lendária fabricante, famosa pelo icônico Porsche 911, fez ontem dia 29/09, o maior IPO desde 2011 na Europa e uma das maiores do mundo neste ano. No lançamento, a Porsche foi avaliada no equivalente a US$ 73,4 bilhões.

A oferta incluiu várias referências ao modelo mais famoso da Porsche, o 911: são 911 milhões no total e o símbolo do seu ticker é P911.

O preço por ação no lançamento foi de € 82,50, topo da faixa indicativa. Com a captação de 9,4 bilhões de euros para a Volkswagen, o que foi o dobro do total arrecadado até o momento pelas ofertas iniciais na Europa deste ano. A empresa foi avaliada em 77 bilhões de euros – ou 75 bilhões de dólares. 

Neste primeiro dia de negociações, as ações chegaram a ser negociadas a € 85,15. Esse movimento de alta (mais de 3% ao longo do dia), inverteu de sinal. Ao fim do pregão, os papéis registravam baixa de 10,9%, cotados a 60,48 euros.

O IPO acabou desafiando a queda acentuada dos índices europeus nesta quinta (29), incluindo a da bolsa alemã DAX. Os subscritores do acordo haviam precificado a oferta em no máximo 82,50 euros.

O processo de abertura de capital das empresas diminuiu recentemente e a listagem da Porsche também se tornou um raro ponto positivo nesse aspecto. Mercado que vem sofrendo com a alta volatilidade e com isso os investidores buscavam ativos mais seguros, como o dólar norte-americano. De acordo com a Refinitiv, o número de ofertas iniciais (IPOs) caiu 40% no mundo inteiro no ano de 2021. 

Informações finais desse momento histórico do IPO da Porsche

• Faixa de preço para Ações Preferenciais fixada entre EUR 76,50 a EUR 82,50 por ação

• A faixa de preço corresponde a um volume de colocação de EUR 8,71 bilhões a EUR 9,39 bilhões

• O período da oferta começou em 20 de setembro de 2022 e deverá terminar hoje 28 de setembro de 2022

• Os investidores líderes QIA, Norges Bank Investment Management, T. Rowe Price e ADQ subscreverão Ações Preferenciais no valor total de até 3,68 bilhões de euros se o preço final da oferta estiver no topo da faixa


“Estamos no caminho certo (We are on track) – acreditamos que a Porsche AG, com seu modelo de negócios robusto e desempenho financeiro atraente, está pronta para lançar seu IPO”, diz Lutz Meschke, vice-presidente do conselho executivo e membro do conselho responsável por finanças e TI da Porsche AG .


Olha só que incrível, o capital social da Porsche AG foi dividido em 911 milhões de ações, sendo 50% ações preferenciais e 50% ações ordinárias ao portador. Um total de até 25% das Ações Preferenciais, compostas por 99.021.740 Ações Preferenciais como parte da oferta base e 14.853.260 Ações Preferenciais para um potencial lote suplementar, está sendo oferecido aos investidores das participações da Porsche Holding Stuttgart GmbH (o “Acionista Vendedor”). 


Infelizmente isso não chegou por aqui. As Ações Preferenciais serão ofertadas publicamente a investidores na Alemanha, Áustria, França, Itália, Espanha e Suíça, bem como por meio de colocações privadas em algumas outras jurisdições de acordo com os regulamentos aplicáveis. Por isso sou forte defensor da necessidade de internacionalizarmos parte dos nossos investimentos, investirmos parte do nosso patrimônio fora do Brasil.


Conforme já havia sido anunciado pela Volkswagen AG, a faixa de preço das Ações Preferenciais foi fixada em EUR 76,50 a EUR 82,50 por Ação Preferencial, correspondendo a um volume de colocação incluindo possíveis lotes suplementares de EUR 8,71 bilhões a EUR 9,39 bilhões. A Volkswagen AG receberá todos os recursos do IPO.


Hoje, dia 28 de setembro de 2022 deve terminar o período de oferta. As Ações Preferenciais devem ser listadas e começar a ser negociadas no Mercado Regulamentado da Bolsa de Valores de Frankfurt (Prime Standard) possivelmente amanhã, dia 29 de setembro de 2022.


A Qatar Investment Authority (QIA) se comprometeu a adquirir 4,99% do capital social preferencial da Porsche AG como investidor âncora no IPO, correspondendo a um valor de 1,74 bilhão de euros a 1,88 bilhão de euros, dependendo do preço final dentro da faixa de preço. Além disso, Norges Bank Investment Management, T. Rowe Price e ADQ comprometeram-se a subscrever Ações Preferenciais com um valor total de EUR 750 milhões, EUR 750 milhões e EUR 300 milhões, respectivamente, também como investidores âncoras dentro da faixa de preço.


Se tiver curiosidade para maiores informações dessa operação que está gerando muita expectativa no mercado, o prospecto de valores mobiliários está disponível no site da Porsche www.porsche.com/ipo.


Nessa operação estão envolvidas diversas instituições financeiras: BofA Securities, Citigroup, Goldman Sachs e J.P. Morgan como líderes. BNP Paribas, Deutsche Bank, Morgan Stanley, Santander, Barclays, Société Générale e UniCredit foram designados como Joint Bookrunners. Commerzbank, Crédit Agricole, LBBW e Mizuho foram nomeados como co-lead managers. Mediobanca está atuando como consultor financeiro da Porsche AG.

Por que o IPO da Porsche pode ser o evento financeiro do ano

Esse é o último post da série a respeito do IPO da Porsche.

Se está chegando agora, comece por:

Quando é o IPO da Porsche e como as ações serão estruturadas?

Por que a estrutura de ações da Porsche é tão complicada?

We are on track…” – Estamos no caminho certo, mas também o trocadilho, pois significa Estamos nas pista! – “…acreditamos que a Porsche AG, com seu modelo de negócios robusto e desempenho financeiro atraente, está pronta para lançar seu IPO”. Assim comunicou um dos membros do conselho da Porsche AG.

Vamos aos argumentos para buscarmos responder o motivo de tanta expectativa com esse IPO.

 

#1 – Números dos últimos anos

No ano de 2021, 126 empresas levantaram 16,9 bilhões de libras em Londres, o maior volume levantado de capital em IPO desde 2007. Em toda a Europa, no ano 2021, foram 422 IPOs que levantaram 75 bilhões de euros. Em comparação com 135 IPOs levantando 20,3 bilhões de euros em 2020. Apesar do ambiente financeiro complicado, novas aberturas de capital ainda estão na moda.

 

#2 – Fator Alemanha

O IPO da Porsche provavelmente será um dos maiores já feitos na Alemanha, que é de longe a maior economia da UE.

 

#3 – Importante aspecto psicológico

A Porsche AG é a joia da coroa do portfólio das marcas da Volkswagen. Se por um lado a determinação das famílias Porsche e Piëch em manter o controle pode diminuir o ímpeto de alguns investidores institucionais, por outro lado, alguns podem ver o IPO como a única chance de adquirir essas preciosas ações.

 

Isso porque as famílias podem não liberar mais ações no futuro. Muitos investidores de IPO vão se apegar às suas ações da Porsche com o fanatismo de uma criança com um cartão Pokemon de primeira edição.

 

#4 – Valor emocional

Muitos não podem comprar esse carro que é o sonho da maioria, certo? Estamos falando das ações da Porsche. Com certeza, alguns vão querer ter ações dessa marca icônica simplesmente pelo valor emocional de possuir tal patrimônio.

 

#5 – Passado

Precisamos também considerar o short squeeze de outubro de 2008. Por um momento brilhante, a Volkswagen foi a empresa mais valiosa do mundo, valendo mais de € 1.000 por ação. Durante dias difíceis da crise financeira daquele ano, os vendedores a descoberto perderam bilhões, enquanto alguns investidores se tornaram milionários da noite para o dia.

 

Embora a situação seja diferente agora, Volkswagen e Porsche são dois nomes de ações gravados na consciência dos investidores internacionais. E com o short squeeze do GameStop do ano passado ainda fresco, é provável que o interesse do varejo seja elevado.

 

Conclusão

Todo esse cenário deixa o IPO da Porsche AG como potencialmente a única chance de adquirir uma participação em uma das marcas de automóveis mais famosas e lucrativos do mundo. 

Estrutura das ações da Porsche

Essa é uma série de 3 posts explicando esse evento. Esse é o 2o deles.

Leia também:

Quando é o IPO da Porsche e como as ações serão estruturadas?

Por que o IPO da Porsche pode ser o evento financeiro do ano?

Por que a estrutura de ações da Porsche é tão complicada?

Bem-vindo ao mundo dos investimentos, onde a empresa A pode comprar ações da empresa B, que possui ações da empresa C, que possui ações da empresa A. As estruturas de participações acionárias são o auge da engenharia financeira. Desvendar quem ou o que é dono de uma empresa pode ser difícil de entender. Nesse caso, a estrutura de ações da Volkswagen-Porsche é um caso mais complexo do que a maioria.


Os senhores Ferdinand Porsche e Anton Piëch fundaram a Porsche em 1931, enquanto a Frente Trabalhista Alemã fundou a Volkswagen em 1937. Essas duas empresas tem uma história bastante detalhada e precisaríamos de uma série muito maior de posts para detalhar tudo isso.


O fundamental é que os descendentes de Porsche e Piëch possuem todas as ações ordinárias da Porsche SE, enquanto algumas ações preferenciais são detidas por investidores institucionais e privados.


A Porsche SE possui 31,4% das ações da Volkswagen, mas 53,3% dos direitos de voto. O Estado da Baixa Saxônia detém 11,8% das ações e 20% dos direitos de voto, enquanto a Qatar detém 10,5% das ações e 17% dos direitos de voto. Entendeu?


Resumindo, as famílias Porsche e Piëch controlam juntas a Porsche SE, que controla a Volkswagen, que controla a Porsche AG. Ficou mais fácil?


A conclusão é que as famílias originais manterão um domínio sobre a Porsche AG quando ela for desmembrada, tanto via Volkswagen quanto por propriedade direta.


Respira fundo e vamos para o último post -> Por que o IPO da Porsche pode ser o evento financeiro do ano?

IPO da Porsche: tudo o que você precisa saber

O IPO da Porsche está marcado para o dia 29 de setembro. Está sendo criada uma enorme expectativa e talvez seja um dos maiores da história do mercado de ações europeu e provavelmente será o evento financeiro do ano.

Montei uma série de 3 posts explicando esse evento. Esse é o 1o deles.

Leia também:

Por que a estrutura de ações da Porsche é tão complicada?

Por que o IPO da Porsche pode ser o evento financeiro do ano?

Quando é o IPO da Porsche e como as ações serão estruturadas?

A Oferta Pública Inicial (IPO) da Porsche AG está marcada para 29 de setembro, na bolsa de Frankfurt – Alemanha. A Volkswagen, empresa controladora da marca, vai lançar 12,5% das ações da Porsche, levantando cerca de R$ 47 bilhões (€ 9 bilhões) para a empresa.


No momento do IPO, a Volkswagen anunciou que a Porsche AG será dividida em duas metades, dividida entre ações ordinárias e ações preferenciais.


Interessante saber que as ações ordinárias – com direito de voto e controle – não serão listadas, permanecendo com a Volkswagen. As demonstrações financeiras da Porsche AG permanecerão dentro dos resultados da Volkswagen, a Volkswagen manterá uma participação de controle e as empresas continuarão se beneficiando da “cooperação industrial”.


Porém, a Porsche Automobil Holding SE, que é controlada pelas famílias Porsche e Piëch, comprará 25% das ações ordinárias mais uma, com um prêmio de 7,5%.


Até 25% das ações preferenciais, que somam um valor de 12,5% da empresa, irão flutuar no IPO, e estas são as disponíveis para compra pelos investidores externos. Como sabemos, no mercado financeiro internacional, as ações preferenciais não têm direito a voto, mas os titulares são priorizados para dividendos e também no caso de a empresa ser liquidada.


Ou seja, isso significa que os investidores no IPO só poderão comprar uma parte minoritária do float e sem controle sobre como a empresa é administrada. Isso geralmente desencoraja os grandes investidores institucionais.


Por outro lado, pequenos investidores que acreditam no negócio – quem não acredita na Porsche? – podem comprar ações dessa marca icônica e com um desconto relativo se houver pouca demanda para os papéis.


Continuação -> Por que a estrutura de ações da Porsche é tão complicada?